A Medida Provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, publicada em 16 de janeiro de 2025, traz diretrizes para regulamentar e garantir a transparência no uso do Pix, proibindo a cobrança de taxas adicionais e assegurando que não haja incidência de tributos sobre esse meio de pagamento. Vamos analisar detalhadamente o que isso implica na vida do cidadão.
1. Proibição de Cobrança de Taxas ou Preços Diferenciados no Pix
📌 O que diz a MP?
O Artigo 2º estabelece que cobrar um preço maior ou adicionar encargos ao consumidor por pagar via Pix é considerado uma prática abusiva, sujeita a penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).
📌 Como isso impacta o cidadão?
Isso significa que estabelecimentos não podem cobrar um valor diferente dependendo do meio de pagamento, algo que acontece frequentemente. Por exemplo:
- Se um restaurante ou loja online cobrar um preço maior para pagamentos no Pix do que para dinheiro, essa cobrança será ilegal.
- Se um posto de gasolina der “desconto” apenas para dinheiro vivo, mas não para Pix, isso poderá ser denunciado.
- Caso um site cobre taxa extra para pagamento no Pix, isso será passível de punição.
📌 O que muda na prática?
Os consumidores poderão fazer compras via Pix com a certeza de que não pagarão a mais do que se estivessem usando dinheiro em espécie. Isso dá mais transparência às transações e evita que comerciantes burlem a ideia de pagamento instantâneo para aumentar seus lucros.
2. Garantia de Sigilo e Proteção de Dados
📌 O que diz a MP?
O Artigo 4º determina que o Banco Central deverá garantir a segurança das transações, impedindo o rastreamento e identificação dos usuários, exceto quando previsto em lei.
📌 Como isso impacta o cidadão?
Isso fortalece a privacidade dos usuários do Pix, evitando que seus dados sejam expostos a terceiros. Em tese:
- Nenhuma empresa poderá rastrear e vincular seu CPF ao histórico de pagamentos sem justificativa legal.
- Protege contra vazamento de dados financeiros que poderiam ser usados por criminosos para golpes e fraudes.
- Evita que instituições bancárias cobrem tarifas personalizadas com base no perfil de pagamento de cada pessoa.
📌 O que muda na prática?
Se implementado corretamente, isso pode fortalecer a privacidade financeira dos cidadãos. No entanto, há uma dúvida sobre como o governo garantirá essa proteção, pois leis como a Lei Complementar nº 105/2001 permitem o acesso a dados bancários em algumas circunstâncias.
3. Proibição de Tributos sobre o Pix
📌 O que diz a MP?
O Artigo 3º afirma que não poderá haver nenhum tributo sobre o uso do Pix, seja imposto, taxa ou contribuição.
📌 Como isso impacta o cidadão?
Isso significa que nenhum governo, seja federal, estadual ou municipal, poderá criar taxas sobre transferências via Pix. Assim:
- Nenhuma tarifa poderá ser cobrada para enviar ou receber valores pelo Pix.
- Estados e municípios não poderão criar impostos locais para arrecadar sobre movimentações via Pix.
- Evita a possibilidade de o governo no futuro querer tributar pequenos valores de transação, algo que já foi discutido no passado.
📌 O que muda na prática?
Essa medida protege os usuários contra futuros impostos sobre transações digitais, garantindo que o Pix permaneça gratuito e acessível para todos.
4. Canal de Denúncias e Fiscalização
📌 O que diz a MP?
O Artigo 2º, § 3º determina que a Secretaria Nacional do Consumidor criará um canal digital de denúncias para que consumidores possam reportar abusos.
📌 Como isso impacta o cidadão?
Caso um estabelecimento descumpra as regras, os consumidores poderão:
- Fazer denúncias online para que a empresa seja investigada.
- Exigir a restituição de valores cobrados indevidamente.
- Forçar empresas a ajustarem suas políticas de preços para seguirem a legislação.
📌 O que muda na prática?
Haverá um mecanismo oficial para reclamações, evitando que os consumidores tenham que recorrer apenas ao Procon ou à Justiça para garantir seus direitos.
5. Competência do Banco Central sobre o Pix
📌 O que diz a MP?
O Artigo 4º dá ao Banco Central a responsabilidade de:
- Normatizar e fiscalizar o Pix, garantindo acesso igualitário ao sistema.
- Proteger os dados pessoais dentro do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI).
- Evitar discriminação no uso do Pix, impedindo que bancos ou fintechs criem barreiras para determinados usuários.
📌 Como isso impacta o cidadão?
Essa medida impede que:
- Bancos dificultem ou restrinjam o uso do Pix para determinados perfis de clientes.
- Empresas criem taxas disfarçadas para transações via Pix.
- Instituições financeiras tenham tratamento desigual entre diferentes clientes.
📌 O que muda na prática?
Isso pode evitar que bancos tentem limitar transações Pix para favorecer outros serviços financeiros próprios, como TEDs ou cartões de crédito, protegendo a livre concorrência.
Conclusão: Como Essa Medida Provisória Impacta o Cidadão?
📌 Pontos positivos:
✅ O consumidor não pagará mais caro por usar Pix.
✅ Fortalecimento da privacidade e proteção de dados.
✅ Nenhum imposto poderá ser cobrado sobre transações via Pix.
✅ Canal de denúncia contra abusos.
✅ O Banco Central garante acesso isonômico ao sistema.
📌 Pontos de atenção:
⚠️ Depende de fiscalização para realmente funcionar.
⚠️ O governo precisará explicar melhor como garantirá o sigilo das transações.
⚠️ Empresas podem encontrar outras formas indiretas de cobrar mais do consumidor.
De maneira geral, a MP busca proteger o consumidor de cobranças indevidas, garantir a privacidade no uso do Pix e evitar qualquer tipo de taxação futura sobre esse meio de pagamento. No entanto, a eficácia dessas medidas dependerá de sua aplicação prática e da capacidade de fiscalização do governo.
link original da medida: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2025/mpv/mpv1288.htm