O investimento de R$ 230 milhões no setor cultural do Rio de Janeiro em 2024, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC), reflete um compromisso significativo com o fortalecimento das expressões artísticas e a promoção da diversidade cultural. Contudo, é fundamental que haja um acompanhamento rigoroso da aplicação desses recursos para assegurar que o apoio à cultura não se transforme em uma ferramenta de manipulação política ou na desconstrução de valores sociais essenciais.
Durante a campanha presidencial de 2022, diversos artistas manifestaram publicamente seu apoio ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Nomes como Caetano Veloso, Anitta e Gilberto Gil estiveram entre as mais de 130 celebridades que declararam voto em Lula. Esses apoios foram amplamente divulgados e tiveram impacto significativo na opinião pública.
No entanto, após a eleição, observa-se um silêncio por parte de muitos desses artistas diante de questões críticas enfrentadas pelo atual governo. Um exemplo notável é a situação das queimadas na Amazônia. Em 2024, a região registrou 140.328 focos de incêndio, o maior número anual desde 2007. Durante gestões anteriores, especialmente no governo de Jair Bolsonaro, houve intensa mobilização artística e ativismo contra a destruição da floresta amazônica. Atualmente, porém, a ausência de manifestações semelhantes levanta questionamentos sobre a coerência e a imparcialidade desses posicionamentos.
Essa mudança de postura sugere que, em alguns casos, o engajamento artístico pode estar mais alinhado a interesses políticos do que a uma defesa consistente de causas sociais e ambientais. Quando o apoio financeiro à cultura se torna um meio para influenciar posicionamentos políticos, corre-se o risco de comprometer a integridade artística e a confiança do público.
Portanto, é imperativo que a sociedade civil e os órgãos competentes fiscalizem de perto a destinação das verbas culturais. A transparência nos processos de seleção e financiamento de projetos deve ser prioridade, garantindo que os recursos públicos sejam utilizados para promover a cultura de forma ética e independente, sem servir a interesses políticos específicos.
Somente com uma gestão transparente e responsável será possível assegurar que a cultura continue a desempenhar seu papel fundamental na educação, no lazer e na preservação das identidades, sem se tornar um instrumento de poder político disfarçado de arte.