Parece que o Brasil oficialmente entrou na era em que os debates sobre o futuro da nação foram substituídos por desfiles de moda. Não estamos falando de passarelas glamourosas ou semanas de alta-costura, mas sim do lançamento das novas peças do guarda-roupa oficial do Supremo Tribunal Federal (STF): gravatas e lenços com estampas que homenageiam o prédio da corte. Sim, você leu certo. O STF agora tem sua própria linha fashion e quem paga por isso? Adivinhe só: nós, os contribuintes.

Na última quinta-feira (6), durante uma sessão plenária que parecia mais um evento de lançamento de coleção, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, apresentou orgulhosamente as novas criações. Com um sorriso no rosto, ele anunciou o nascimento do “STF Fashion”, como se fosse uma grife internacional. Todos os ministros presentes já estavam vestindo as peças, como se fossem modelos em um editorial de revista. Até a ministra Cármen Lúcia, única mulher entre os 11 integrantes da corte, exibiu seu lenço exclusivo, enquanto o restante dos homens ostentava gravatas com estampas inspiradas no edifício-sede do tribunal.

Mas não se engane: isso não é apenas um capricho estético. Segundo Barroso, os acessórios serão usados para retribuir presentes recebidos durante visitas oficiais. Ou seja, quando ministros forem agraciados com lembrancinhas, eles poderão devolver a gentileza com uma bela gravata ou lenço personalizado. Uma ideia “gentil”, nas palavras do próprio ministro, que, modéstia à parte, “ficou muito bonitinho” para não falar outra coisa.

O País Real vs. o País do STF Fashion

Enquanto isso, lá fora do luxuoso prédio do STF, o brasileiro médio lida com uma realidade bem diferente. Impostos aumentando, serviços públicos precários, inflação corroendo o poder de compra e uma sensação crescente de que o dinheiro do contribuinte está sendo usado para tudo, menos para resolver os problemas reais do país. E agora, parece que parte desse dinheiro está sendo investido em acessórios fashion para ministros.

É difícil não rir ou chorar diante dessa situação. Enquanto o Congresso Nacional vira manchete por conta de bonés, o STF entra na corrida pelo título de instituição mais desconectada da realidade. Se antes tínhamos parlamentares posando com fantasias, agora temos ministros distribuindo gravatas como se fossem cartões de visita.

E o mais irônico de tudo? Essa iniciativa vem em um momento em que o debate sobre transparência e uso responsável dos recursos públicos deveria estar no centro das atenções. Em vez disso, estamos discutindo se o padrão de estampa do lenço da ministra Cármen Lúcia combina com o mármore do plenário.

Quem Banca a Passarela?

O detalhe mais hilário ou trágico, dependendo da perspectiva é que, claro, quem paga por toda essa operação é o contribuinte. Isso mesmo: aquele mesmo cidadão que todos os dias recebe novos impostos como “presente” de seus governantes agora também financia a produção de gravatas e lenços para os magistrados. Parece até piada, mas infelizmente é verdade.

Não bastasse a carga tributária absurda que sufoca empresas e famílias, agora nossos impostos estão sendo transformados em acessórios de moda para o alto escalão do Judiciário. Talvez o próximo passo seja uma linha completa de roupas: camisetas com frases inspiradoras sobre justiça, ternos bordados com o brasão do STF e quem sabe até um perfume oficial chamado “Supremo Essence”.

O Que Esperar do Futuro?

Se esta tendência continuar, podemos esperar que outras instituições sigam o exemplo. Imagine o Congresso lançando bonés personalizados, o Palácio do Planalto vendendo chaveiros comemorativos e o TCU distribuindo canecas temáticas. Afinal, por que parar nas gravatas? O céu é o limite quando se trata de gastar dinheiro público em itens que ninguém pediu.

Enquanto isso, o brasileiro segue contando moedas, tentando entender como um país tão rico em recursos naturais e talento humano pode estar tão falido em termos de prioridades. Gravatas e lenços são bonitos, sem dúvida, mas talvez fosse mais útil investir esse dinheiro em educação, saúde ou infraestrutura. Mas quem precisa de hospitais funcionando quando se pode ter um acessório fashion para impressionar em eventos diplomáticos, não é mesmo?

Opinião

O lançamento do “STF Fashion” é mais do que um simples acontecimento curioso; é um reflexo da desconexão entre as elites políticas e a realidade vivida pela maioria da população. Em um país onde milhões lutam para colocar comida na mesa, ver nossos representantes gastando tempo e dinheiro público em itens supérfluos é, no mínimo, desconcertante.

Então, da próxima vez que você pagar seus impostos, lembre-se: parte desse dinheiro pode estar indo para a produção de gravatas e lenços. E se algum dia você receber um desses acessórios como presente de um ministro, saiba que foi você quem bancou. De certa forma, é como dar um presente para si mesmo só que você nem sabia que queria um lenço com estampa do prédio do STF.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top