George Orwell, em seu clássico distópico 1984 , apresenta um mundo sombrio dominado pelo totalitarismo, onde a verdade é uma construção política e a história pode ser reescrita conforme as necessidades do regime. No romance, o Ministério da Verdade é responsável por alterar registros históricos, estatísticas e até mesmo a memória coletiva da sociedade para que tudo se alinhe à narrativa oficial do Partido. Embora escrito como uma crítica ao totalitarismo de regimes como os de Stalin e Hitler, muitos dos temas explorados por Orwell ressoam de maneira preocupante em contextos políticos contemporâneos, incluindo o governo socialista no Brasil.
A Manipulação da Verdade: Um Instrumento de Poder
No livro, a frase “Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado” sintetiza a essência do controle político exercido pelo regime totalitário. O Partido manipula fatos, cria inimigos fictícios e altera a realidade para manter sua hegemonia. Essa prática não é exclusiva do universo fictício de 1984 . No Brasil, governos socialistas têm utilizado estratégias semelhantes para moldar a percepção pública e consolidar seu poder.
Um exemplo claro disso é o uso ideológico da mídia e das redes sociais como ferramentas de propaganda. Assim como o Ministério da Verdade reescreve notícias e dados para justificar as decisões do Grande Irmão, figuras políticas no Brasil têm promovido narrativas que distorcem a realidade econômica, social e histórica. Políticas públicas fracassadas são apresentadas como sucessos, enquanto adversários políticos são demonizados e acusados de crimes sem provas concretas. A manipulação da verdade se torna uma arma para desacreditar críticos e silenciar vozes dissidentes.
A Reescrita da História: Apagando o Passado para Moldar o Futuro
Outro aspecto central de 1984 é a constante reescrita da história. No romance, o protagonista Winston Smith trabalha no Departamento de Registros, onde falsifica documentos históricos para que eles correspondam à versão oficial do Partido. Esse processo garante que qualquer evidência de contradições ou falhas no regime seja apagada, criando uma narrativa linear e imutável.
No Brasil, governos socialistas têm demonstrado uma tendência semelhante ao reinterpretar eventos históricos para legitimar suas agendas políticas. Por exemplo, a ditadura militar (1964-1985) tem sido frequentemente retratada de maneira simplista e polarizada, com ênfase nos abusos cometidos, mas com pouca menção às complexidades do período ou aos motivos que levaram à intervenção militar. Essa narrativa unilateral serve para alimentar discursos de vitimização e justificar políticas intervencionistas no presente.
Além disso, há uma tentativa de reescrever a história econômica do país. Governos socialistas costumam atribuir todos os problemas econômicos a fatores externos, como crises globais ou “heranças malditas”, enquanto minimizam ou ignoram completamente os impactos de suas próprias políticas. Isso cria uma desconexão entre a realidade vivida pela população e a narrativa oficial, exatamente como ocorre no mundo de 1984 .
O Controle da Linguagem e do Pensamento
Orwell também explora o conceito de “duplopensar”, a capacidade de aceitar duas verdades contraditórias simultaneamente. No Brasil, essa habilidade parece ter sido adotada por parte da população, especialmente entre os apoiadores de governos socialistas. Declarações contraditórias, como promessas de combater a corrupção enquanto figuras corruptas ocupam cargos de alto escalão, são aceitas sem questionamento. A linguagem é usada de forma ambígua para confundir e enganar, transformando slogans vagos em substitutos para soluções concretas.
A introdução de termos e expressões específicas para moldar o pensamento coletivo também é uma característica marcante. Assim como a “Novilíngua” em 1984 busca reduzir o alcance do pensamento humano, certos jargões políticos no Brasil servem para limitar o debate público e desqualificar oponentes. Expressões como “golpe” ou “genocida” são repetidas incansavelmente, independentemente de sua precisão factual, para deslegitimar adversários e consolidar uma base de apoio emocional.
Semelhanças Preocupantes
O paralelo mais alarmante entre 1984 e o cenário político brasileiro é a erosão gradual das instituições democráticas. No romance, o Partido elimina qualquer espaço para liberdade individual, usando a vigilância constante e a repressão sistemática para garantir sua sobrevivência. Embora o Brasil ainda esteja longe de um regime totalitário como o descrito por Orwell, há sinais preocupantes de centralização de poder, enfraquecimento do sistema judiciário e criminalização da oposição.
A dependência crescente de programas assistenciais para manter o apoio popular também ecoa o controle exercido sobre os “proles” em 1984 . Ao oferecer migalhas de conforto material, o regime garante a lealdade das massas enquanto mantém intactas as estruturas de poder. Da mesma forma, governos socialistas no Brasil têm usado programas sociais como moeda de troca política, perpetuando um ciclo de dependência que impede mudanças significativas na estrutura social.
Opinião:
Embora o Brasil não tenha chegado ao extremo distópico retratado em 1984 , as semelhanças entre o romance e a realidade política atual são impossíveis de ignorar. A manipulação da verdade, a reescrita da história e o controle da linguagem são práticas que corroem os pilares da democracia e ameaçam a liberdade individual. Para evitar que a ficção de Orwell se torne realidade, é essencial que a sociedade permaneça vigilante, questionando narrativas oficiais e defendendo valores fundamentais como transparência, pluralidade e responsabilidade. Afinal, como Winston Smith aprendeu da maneira mais difícil, “liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro”.